Por puro masoquismo,me ative a um podcast/videocast em que dois midiáticos( gente que paga pra aparecer na mídia) discutiam formas de tornar o Brasil mais justo, honesto e próspero. Um, ególatra e publicitário. O outro, narcisista e empresário. Durante a entrevista, os dois vão dando receitas de como transformar o Brasil e deixá-lo mais igualitário,mais moderno, mais tecnológico, desde que,obviamente, o abismo social permaneça intacto e eles continuem a encher os bolsos de dinheiro, escravizando seus subordinados. Fala mansa, frases de efeito, bons princípios, boas intenções, tudo junto e misturado, numa conversa para pegar trouxas.
Lá pelas tantas, o entrevistado diz que acha extremamente cafona quando alguém se refere ao Brasil como um país de Terceiro Mundo….acha isso cafona, alguém se referir ao Brasil como um país de Terceiro Mundo com o que o outro( o entrevistador) prontamente concorda.
Mas ambos esquecem de dizer que só os países de Terceiro Mundo são assim chamados( no mal sentido) porque apresentam uma série de distorções, paradoxos e números contraditórios. Esses países ditos terceiromundistas lideram as estatísticas em número de homicídios( o Brasil é lider mundial) , em número de carros blindados( o Brasil é líder mundial) , em número de piscinas particulares( O Brasil só perde para os Estados Unidos), em número de compras feitas à prestação nas lojas Louis Vuitton( o Brasil é líder mundial), em número de organizações criminosas( o Brasil é líder mundial com 52 facções). E pra fechar com chave de ouro , também não citam que 100 milhões de pessoas no Brasil não têm saneamento básico e tratamento de esgoto adequado.
O Brasil desses caras não é o Brasil de 90% dos brasileiros. É quase uma Suíça, só que cercada de mosquito da dengue por todos os lados. “Silas, aumenta o ar-condicionado, por favor…”