Sempre nutri admiração pela cultura japonesa. Eles não vivem o presente. Um pé no passado, outro no futuro. Respeitam a hierarquia, a sabedoria milenar,a Natureza, os antepassados e, ao mesmo tempo, são extremamente desenvolvidos e tecnológicos.
Mesmo com terremotos quase que diários, a sensação é que eles vivem no mais perfeito equilíbrio. Ou viviam. Pois, de uns tempos para cá, os jovens japoneses estão bagunçando tudo e virando o Japão de cabeça para baixo.
Uma das grandes doidices por lá é que grande parte dos maiores de 18 anos não tem a menor atração por carros, nem vontade de dirigir, para desespero de Hondas e Toyotas.
Outra loucura é que quase 1/3 da população entre 20 e 40 anos diz que não quer casar nem ter relacionamento amoroso. Os homens alegam que é perda de tempo e dinheiro, enquanto as mulheres dizem não querer comprometer a liberdade e a independência. Isso num país que tem a população mais idosa do mundo e com uma das menores taxas de natalidade.
Para tentar reverter essa situação, o primeiro-ministro do Japão acaba de lançar um plano de ajuda às famílias que resolverem ter filhos no valor de U$ 25 bilhões. Com duração de 3 anos, o tal projeto inclui ajuda aos pais, apoio financeiro à educação dos filhos e ao pré-natal, além de proporcionar horários flexíveis de trabalho.
Imagina se o primeiro ministro japonês fizesse uma visitinha ao interior do Norte/Nordeste do Brasil, onde famílias paupérrimas costumam ter filhos e mais filhos,numa produção em série, mesmo sem educação, saúde e saneamento básico.
Alguma coisa está fora da ordem, nessa gangorra Yin-Yang da geopolítica global. Tantos com tão pouco e poucos com tanto.