Os excêntricos são grandes exibicionistas. Eles se travestem de ingênuos, espontâneos, irreverentes, mantêm uma certa aura de artistas, mas, no fundo, fazem tudo de caso pensado. Querem o holofote, querem a atenção, querem os likes voyaires, embora não admitam, nunca. A tal excentricidade se manifesta num estudo minucioso do meio, para saber para onde vai a manada. O que todos querem, o que todos consomem? E aí criam a estratégia da diferenciação. Vestem-se de forma diferente, verbalizam citações e frases de pessoas cool,frequentam lugares alternativos, dirigem carros antigos e por aí vai. Só que sustentar excentricidades demanda dinheiro, muito dinheiro. E então, ao invés de ser mais um na multidão, os excêntricos se safam com uma visão diferente, se vendem como descolados, autênticos, inspiradores,únicos. Quando na verdade são simplesmente filhinhos- de- papai abonados que nunca pegaram no breu, hippies de boutique , adultos com mesada que nunca bateram ponto. E ainda por cima com um olhar blazé ensaiado no espelho de casa e aquela expressão “who’s next? “ . Enganam a muitos, não a todos.