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Canhão

Nesse país sem memória, repleto de torcedores disfarçados de comentaristas esportivos, muito se fala de Sócrates, Zico, Ronaldos, Adhemir da Guia, Neymar, Vini Junior, Zagalo e até Gabigol.

Mas ninguém ou quase ninguém faz alguma citação ao gigante José Macia,mais conhecido como Pepe, o canhão da Vila.

Só para se ter uma idéia da importância desse jogador ainda vivo e tão pouco reverenciado, basta a gente puxar por alguns números: o maior artilheiro da história do Corinthians, Cláudio Pinho, tem 306 gols marcados; o maior artilheiro do São Paulo, Serginho Chulapa, tem 242 gols marcados; o maior artilheiro do Palmeiras, Heitor, tem 323 gols marcados.

Pepe, em 750 jogos disputados, anotou 405 gols, sendo o segundo maior artilheiro da história do Santos, ficando atrás apenas do imortal Pelé. Inclusive, Pepe sempre costuma dizer que ele é o maior artilheiro do Santos, porque Pelé é sobrenatural, é de outro planeta e não vale como comparação com os simples mortais. E dos mais de mil gols que Pelé marcou vários deles foram com lances de bola rebatida que Pepe chutava com uma força descomunal, o goleiro rebatia e a bola sobrava para Pelé só cutucar para as redes.

Eu, que ainda menino, fui algumas vezes aos treinos do Santos, pude presenciar o porquê daquele apelido. Quando Pepe batia na bola de couro o barulho era diferente, parecia um soco. Para desespero de Gilmar e Laércio, os dois grandes goleiros do Santos, Pepe gostava de treinar faltas e pênaltis depois dos treinos e aquele barulho ecoava pelo estádio quase vazio.

Um ser humano incrível, com quem tive oportunidade de conversar uma vez, numa sessão de autógrafos do seu livro. Contador de “causos”, brincalhão, humilde, sem nenhuma das frescuras desses “craques” que atuam hoje no nosso futebol.

Minha homenagem em vida ao grande Pepe, o eterno Canhão da Vila,  um incrível  ponta-esquerda que eu tive o privilégio de ver jogar.

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