Existe uma sensação de vulnerabilidade, quando se está a voar ou a navegar. Coloca-se nas mãos de Deus o destino, visto que, sem asas ou nadadeiras, nada poderá nos salvar( mesmo com paraquedas e bóias salva-vidas à bordo).É fechar os olhos e aceitar, caso algo nos aconteça. Talvez por isso, por essa sensação iminente de fragilidade, detesto tanto andar de avião, helicóptero, asa-delta e afins. O mesmo vale para veleiros, lanchas, navios… grãos de poeira em meio à imensidão azul do mar.
O conceito de segurança, como bom capricorniano que sou, está ligado à terra. Terra firme. Solo forte. Solidez. Raízes. Investimento seguro.
De concreto, a firmeza, a propriedade, a terra – não é isso que nos ensinam?
Tudo isso cai por terra quando se vivencia um terremoto. Mesmo que por infinitos segundos, tudo treme. A cômoda, a cama, o abajour. O cão desperta e começa a andar em círculos. As luzes dos prédios se acendem.
De repente, me vem a mesma sensação de fragilidade. Não estou no ar, não estou no mar. Estou em terra firme. Firme? Como assim, se tudo treme? A mão do homem abre fendas profundas. É insaciável.Na sua saga desenfreada, constrói um prédio ao lado do outro, destrói tudo o que é ponto verde e, cinicamente, divulga projetos paisagísticos em seus novos empreendimentos imobiliários, que nada mais são do que duas fileiras de palmeiras pálidas contornando a área externa dos lucrativos imóveis.
Tanto cavocam, tanto queimam, tanto constróem, que destróem. A terra treme. E a gente teme, sem chão.